quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Cony & Júlio casados


Os alunos da turma 6º ano B da Escola Júlio Casado tiveram seu momento literário no dia 14 de agosto. O conto abordado na atividade foi A primeira lição, de Carlos Heitor Cony, do livro Contos da escola - Volume 2, da coleção Literatura em minha casa. Primeiramente a biografia do autor foi apresentada aos alunos. Se você já teve a sensação de que, em sua vida, as coisas não poderiam piorar, de que tudo estava dando errado, de que o universo conspirava contra você, vale a pena conferir o relato dessa experiência de vida. Cony era tido como mudo pela família, pois somente aos cinco anos pronunciou suas primeiras palavras. Tinha dificuldade na dicção - principalmente trocando o "g" pelo "d" - o que o tornava alvo de brincadeiras maldosas. Então, para não se tornar motivo de chacota, resolveu dedicar-se à palavra escrita. Já adulto, inscrito em um concurso literário, apesar da opinião unânime entre os jurados de que seu livro era de alta qualidade, não recebeu o prêmio tendo como justificativa o fato de seu livro ser muito forte, característica literária essa que, para mim, deveria ser elogiada. Assim, o autor inscreve-se com outras obras no mesmo concurso nos dois anos seguintes, vencendo ambas as seleções. Após ter uma variedade de livros escritos e títulos premiados, publica sua primeira obra, "O Ventre", e torna-se um escritor de talento reconhecido.


Depois do falecimento de sua mãe, Cony declarou que jamais escreveria outro romance - o que provocou um espanto geral. Por muitos anos, o escritor permaneceu sem escrever romances. Nesse período de não-produção literária, faleceu seu pai, o que deve ter contribuído para seu retorno à escrita, pois, depois de alguns anos, lançou seu décimo romance, Quase memória, em 1993, no qual trata da relação pai e filho, deixando transparecer a própria relação com o pai. Com esse livro, recebeu diversos prêmios, incluindo categorias como conjunto da obra, melhor romance e livro do ano - ficção. Ao tratar desse momento da vida de Cony, mostrei aos alunos tal livro, obra de grande importância na trajetória literária do autor e que faz parte do acervo da biblioteca. Depois passamos à leitura do conto, o qual, apesar de se passar em ambiente escolar, aborda fortemente a relação entre pai e filho: o menino que aprendeu a ser "homem" ao passar por uma situação difícil na escola, mas que sabe que tem ao lado uma pessoa com a qual sempre poderá contar, em tempos difíceis ou não - seu pai. Em 2000, Cony foi eleito para uma cadeira da Academia Brasileira de Letras, maior honra que pode ser obtida por um escritor brasileiro.


"O pai me levou de volta para casa, segurou minha merendeira e 
mochila que eu trazia às costas, com meus cadernos e livros. 
Imaginando que eu estava triste, disse com certa pena: 
"Meu filho, são os abrolhos... estão começando os abrolhos..." 
Eu não sabia o que eram abrolhos. No dia seguinte, 
a tal professora de óculos perguntou se algum
de nós tinha alguma dúvida. [...] 
Ela disse que abrolhos eram as dificuldades,
 os problemas que a gente vai encontrando pela vida.
 Eu então aprendi mais do que isso. 
Que meu pai era um grande sujeito e,
 com ele, venceria todos os abrolhos." 

Nenhum comentário:

Postar um comentário